Aprender uma nova língua envolve muito mais do que metacognição, envolve emoção e experiência.
A autora Busch, estudiosa e referência no assunto, ”amplia o escopo da noção de repertório e busca colocar em primeiro plano a perspectiva do sujeito falante que também englobaria a dimensão corporal da percepção, da experiência, do sentimento e do desejo, além de considerar uma dimensão temporal histórica e biográfica, uma vez que o sujeito se constitui na e pela linguagem” (NASCIMENTO,2019).
Segundo Busch, o repertório pode ser concebido como uma estrutura em potencial, “que evolui na experiência da linguagem em interação em níveis cognitivos e emocionais e que está inscrita na memória corporal e corporificada como hábito linguístico” (BUSCH,2012 p. 19).
Você já parou para pensar em como o repertório linguístico está relacionado às suas experiências e emoções?
“O conceito de experiência vivida da língua possibilita focalizar a dimensão biográfica do repertório linguístico a fim de reconstruir como o repertório se desenvolve e se modifica ao longo da vida (Busch, 2015).
A autora ensina que: (...) por meio de experiências emocionais e corporais, situações dramáticas ou recorrentes de interações com o Outro se tornaram parte do repertório linguístico do sujeito, seja devido a atitudes linguísticas implícitas ou explícitas e a padrões habituais de práticas linguísticas (BUSCH, 2015, p. 9)
Sugestão de artigo científico: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-39162018000200287&lng=en&nrm=iso
Sugestão de atividade
Uma ótima atividade para fazer com os alunos, filhos e com você próprio é o “Retrato linguístico”, utilize o desenho do contorno corporal, faça uma legenda de línguas e pinte conforme elas aparecem em seu corpo. Depois, peça à pessoa que descreva o que pintou. Com ela, podemos observar a relação da língua e a forma que ela nos forma enquanto pessoa, influenciando nossas ações, experiências e emoções.
Eu sou a Ana e tenho 15 anos. Este é meu retrato linguístico. Na minha cabeça e quase em tudo que faço está o espanhol (em azul) porque sou Argentina e moro em Buenos Aires. Mas minha mãe é brasileira, por isso o português está muito presente (em verde) no meu dia a dia na minha cabeça no meu corpo e no meu coração. Eu gosto de falar português com minha mãe e de visitar meus parentes no Brasil, mas preciso estudar mais porque eu acho que falo tudo errado. O inglês (em vermelho) é a língua que aprendo na escola e é importante para eu trabalhar no futuro, mas também gosto de assistir séries e ouvir músicas em inglês.
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